Jogos on-chain: uma nova era
Usando desde ossos e dados a bolas e frisbees; de xadrez e go a Minecraft e Fortnite, nós, humanos, sempre nos divertimos com jogos. Com as invenções modernas, como computadores e internet, os videogames se transformaram em um setor multibilionário com centenas de gêneros e subgêneros.
Mas nesta era em que a blockchain está buscando mudar o paradigma de quase todos os setores, o setor dos jogos tem ficado aparentemente silencioso a esta transformação.
Por que implementar os jogos na blockchain?
Em teoria, a blockchain tem o potencial de se tornar a plataforma definitiva para os jogos online, oferecendo uma jogabilidade justa, interoperabilidade sem igual e potencial de desenvolver uma economia inovadora.
Transparência e igualdade
Sendo um livro-razão público, distribuído e imutável, a blockchain registra cada operação de forma que ela não pode ser modificada. Assim, trapaceiros e golpistas não terão onde se esconder. As regras também serão codificadas em contratos inteligentes e milhões de entusiastas terão a chance de examinar cada linha de código para melhorar a segurança.
Interoperabilidade entre jogos
A batalha para ser a plataforma de jogos dominante vem ocorrendo há décadas. Embora a Steam seja o líder absoluto em PCs, outros gigantes como Epic Games, Ubisoft e Rockstar buscam conquistar uma fatia do bolo com suas plataformas. Sony, Microsoft e Nintendo também estão disputando o mercado de consoles. Porém, os detalhes e ativos de seus jogos em sua conta PlayStation não podem ser utilizados em um Switch.
Mas com a blockchain não precisa ser assim. As bridges entre blockchains possibilitam que você migre facilmente sua conta de uma rede para outra. E como muitas blockchains de camada 1 e camada 2 são compatíveis com EVM, jogos (e outros aplicativos) podem ser facilmente migrados entre diferentes redes com alterações mínimas.
Oportunidades para economias baseadas em blockchain
Mesmo sem a ajuda da blockchain, jogos online como Fortnite, Counter-Strike: Global Offensive e EVE Online desenvolveram sua própria economia no jogo e hoje contam com itens cujo preço chega a milhões de dólares.
O proprietário dessa faca, por exemplo, recusou uma oferta de US$ 1,5 milhão e está pedindo mais de US$ 2 milhões atualmente
Como uma infraestrutura financeira com potencial transformador, a blockchain possibilitará que as economias nos jogos se transformem em plataformas ainda mais complexas e orgânicas, com ativos tokenizados e ecossistemas financeirizados completos.
Argumentos contra a transferência de jogos para a blockchain
No momento em que este artigo foi escrito, quase todos os jogos mais vendidos apresentavam gráficos ultrarrealistas ou jogabilidade intensa e competitiva. Mover esse processamento gráfico off-chain para a blockchain é uma dos principais argumentos contra a transferência do setor de jogos para o ambiente on-chain.
Jogos online, como Call of Duty ou FIFA, geralmente precisam hospedar centenas de milhares (até milhões em seu pico) de jogadores e fornecer a eles, no máximo, um atraso de milissegundos na entrada. A maioria das blockchain atuais foi desenvolvida para transferências de ativos e contratos inteligentes, nenhum dos quais exige uma taxa de transferência extremamente alta e baixa latência. Até mesmo a blockchain de última geração, Sei, capaz de finalizar milhares de transações em apenas 300 ms, fica muito aquém desse limite.
Dito isso, a Sei é otimizada para mecanismos de trading e correspondência de ordens, e não há nada que impeça os desenvolvedores de criar uma blockchain dedicada a jogos competitivos ou mesmo a videogames em geral. Com infraestrutura suficiente, os jogos on-chain certamente se transformarão em um setor considerável, assim como sua contraparte na Web2.
A situação atual dos jogos on-chain
Assim como o setor de blockchain como um todo, os jogos on-chain estão espalhados e com diferentes níveis de envolvimento com a tecnologia.
Nos últimos anos, muitos desenvolvedores e produtores de jogos estabelecidos têm buscado entrar no mercado de NFTs e metaverso por meio da tokenização de itens dos jogos. Os jogadores não precisam ter um endereço de criptomoedas, pois, tecnicamente, a propriedade desses itens é estabelecida por meio de servidores centralizados. Essa é a maneira mais fácil de mover os jogos (pelo menos uma parte) para o ecossistema on-chain, mas também é a menos descentralizada. A maioria dessas tentativas, como ocorreu com a desastrosa plataforma Quartz da Ubisoft, também provou ser uma grande bagunça.
No outro extremo estão dezenas de jogos que estão tentando trazer toda a experiência para a blockchain, como Dark Forest, 0xMonaco e Curio, para citar alguns. Esses jogos geralmente apresentam gráficos simples e jogabilidade baseada em turnos devido às limitações de escalabilidade descritas anteriormente À medida que a tecnologia blockchain continua a crescer e evoluir, certamente veremos uma infraestrutura otimizada para jogos com combates rápidos e gráficos impressionantes.
No momento em que este artigo foi escrito, a forma mais predominante de jogos on-chain é aquela com identidades e ativos on-chain, mas com processamento de jogos off-chain. Jogos populares on-chain, como Gods Unchained, Axie Infinity e Illuvium são todos desenvolvidos dessa forma. Muitos desses jogos também têm seus próprios mercados para trading de ativos e até mesmo DAOs para governança. Esses ativos são muito mais que adereços, são ativos financeiros com valor de mercado e potencial de rendimento.
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